Aluno exemplar! Se inteirou tanto na modernidade, que hoje administra com sucesso dois blogs, entre eles o da Casa do Poeta de Campinas, com seguidores nacionais e internacionais. Confiram excelentes poetas de Campinas em:
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Não percam a entrvista que Agmon concedeu ao SESC. A distribuição está na portaria do SESC Campinas.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2010
sábado, 16 de janeiro de 2010
Arte e Literatura - Cora Coralina
SEMENTE E FRUTO
Cora Coralina
Despejada. Apedrejada.
Sosinha e perdida nos caminhos incertos da vida,
E fui caminhando. Caminhando...
E me nasceram os filhos.
E foram eles frágeis pequeninos
Crescendo de cuidados,
Crescendo devagarinho.
Foram eles a rocha onde me amparei,
Anteparo à tormenta que viera sobre mim.
Foram eles na sua fragilidade infante
Poste e alicerce, paredes e coberturas
Segurança de um lar
Que o vento da insânia
Ameaçava desabar
Filhos pequeninos e frágeis...
Eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram eles me carregaram.
Foram correntes,amarras, embasamentos
Foram fortes demais
Construiram a minha resistência
Filhos, fostes pão e água do meu deserto
Sombra na minha solidão
Refúgio do meu nada
Removi pedras, quebrei as arestas da vida
E plantei roseiras.
Fostes para mim semente e fruto
Na vossa inconstância infantil
Fostes unidade e agregação.
(1889 1985)
Fonte: Cora Coralina (Raizes de Aninha) pag 112 (Idéias & Letras
Cora Coralina
Despejada. Apedrejada.
Sosinha e perdida nos caminhos incertos da vida,
E fui caminhando. Caminhando...
E me nasceram os filhos.
E foram eles frágeis pequeninos
Crescendo de cuidados,
Crescendo devagarinho.
Foram eles a rocha onde me amparei,
Anteparo à tormenta que viera sobre mim.
Foram eles na sua fragilidade infante
Poste e alicerce, paredes e coberturas
Segurança de um lar
Que o vento da insânia
Ameaçava desabar
Filhos pequeninos e frágeis...
Eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram eles me carregaram.
Foram correntes,amarras, embasamentos
Foram fortes demais
Construiram a minha resistência
Filhos, fostes pão e água do meu deserto
Sombra na minha solidão
Refúgio do meu nada
Removi pedras, quebrei as arestas da vida
E plantei roseiras.
Fostes para mim semente e fruto
Na vossa inconstância infantil
Fostes unidade e agregação.
(1889 1985)
Fonte: Cora Coralina (Raizes de Aninha) pag 112 (Idéias & Letras
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
O ARTLITER.BLOGSPOT, tem o prazer de apresentar a Poesia do jovem Vinícius Cassiolato
Anima
A Lua invade o quarto
Preenchendo todo o vazio negro!
Ela banha quadros inexpressivos,
Inunda cômodos isolados,
Adentra a mente daquele solitário!
Sentado em sua cama,
Ele simplesmente esquece-se de sua existência!
Em sua mão
Repousa um copo de conhaque.
Apenas algumas gotas esquentaram seu corpo.
Ao lado de sua cama
O criado mudo some na escuridão.
Nenhuma luz, nenhuma voz,
Nenhum corpo...
Cama desarrumada,
Roupa amassada,
Apartamento vago...
Som algum chega aos seus ouvidos.
Seus olhos distantes miram somente o copo lúgubre!
Seus sentidos tentam em vão encontrar aquele corpo...
Aqueles cabelos negros...
Aqueles lábios macios...
Tentam, anseiam!
Rever, tocar, ouvir, degustar, sentir novamente seu perfume!
Há dias, ela simplesmente se levantou!
E sem se despedir
Saiu de seu apartamento,
Saiu de sua visão!
Decidiu, sem avisá-lo,
Sair de sua vida!
Sua alma escapou pela porta.
Virou as costas para algo estranho
Negou o que ele ainda não tinha oferecido.
Apenas o deixou ali, amortecido.
Dormindo em devaneios insanos.
Saiu com tal suavidade,
Que nem o gato ouviu.
Escorregou pelo vão da porta
Foi em direção ao nada.
E há dias ele está ali!
Esperando o retorno acalantador de sua musa!
Uma musa encontrada na esquina!
Uma musa perdida na noite!
Alguém que encontrou na mesma noite em que a perdeu!
Não importou com nome, ou ainda telefone!
Seu peito apenas desejava sua alma infante,
Apenas desejou mesclar-se com seu intimo...
Dias e noites
Perderam seu valor, seu sabor.
O que ficou foi apenas o sinal gélido da solidão!
A lua, as estrelas
Perderam seu trono ancestral.
Ficou apenas a poltrona empoeirada!
Anseia reencontrá-la.
Porem teme sair em sua busca.
Teme que ela retorne na sua ausência.
Teme que o despeça.
Por tanto tempo andou atrás.
Por tanto tempo foi em seu rumo.
Atrás apenas daquela que sabia de sua história,
Daquela que também ansiava sua alma...
Daquela por qual seu peito gritaria de exaltação.
Andou em busca de sua vontade de viver.
De sua musa inexplorada.
Caminhou em sua direção por todo tempo-espaço.
Percorreu vales e sombras.
Um dia, sabia que a encontraria!
Seu intimo lamentava por esse momento.
Queria tomar de volta a parte desencontrada.
Todas as outras o negaram.
Todos os caminhos foram em vão, se fecharam contra ele.
Assim como perdeu seu Eu
Dentro do ventre das Deusas,
Perdeu sua inspiração
No seio de sua musa!
O samba deixou seus ouvidos,
A bossa-nova sumiu de sua vida,
Os palcos já não o acolhem mais...
Não foram somente as 9 musas que saíram pela porta naquele momento
Foi também sua arte!
Sua respiração, sua sanidade,
Seu pulsar!
Ele não sabe onde encontrá-la.
Não sabe como escrever, compor, cantar...
Já não sabe como amar!
Dias? Meses? Anos?
Há quanto tempo ela saiu para rua?
Há quanto tempo perdeu seu pulsar?
Quanto tempo deixou de viver?
Sua mente vaga tempestuosamente.
Tentando em vão achar uma saída,
Achar um motivo...
Algo que tenha feito sem querer...
A Lua traga sua essência,
Força um levantar de olhos,
Enquanto sob o criado mudo
Repousa um porta-retrato vazio.
Vinicius Cassiolato
07/01/10
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