SEMENTE E FRUTO
Cora Coralina
Despejada. Apedrejada.
Sosinha e perdida nos caminhos incertos da vida,
E fui caminhando. Caminhando...
E me nasceram os filhos.
E foram eles frágeis pequeninos
Crescendo de cuidados,
Crescendo devagarinho.
Foram eles a rocha onde me amparei,
Anteparo à tormenta que viera sobre mim.
Foram eles na sua fragilidade infante
Poste e alicerce, paredes e coberturas
Segurança de um lar
Que o vento da insânia
Ameaçava desabar
Filhos pequeninos e frágeis...
Eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram eles me carregaram.
Foram correntes,amarras, embasamentos
Foram fortes demais
Construiram a minha resistência
Filhos, fostes pão e água do meu deserto
Sombra na minha solidão
Refúgio do meu nada
Removi pedras, quebrei as arestas da vida
E plantei roseiras.
Fostes para mim semente e fruto
Na vossa inconstância infantil
Fostes unidade e agregação.
(1889 1985)
Fonte: Cora Coralina (Raizes de Aninha) pag 112 (Idéias & Letras
Cora Coralina
Despejada. Apedrejada.
Sosinha e perdida nos caminhos incertos da vida,
E fui caminhando. Caminhando...
E me nasceram os filhos.
E foram eles frágeis pequeninos
Crescendo de cuidados,
Crescendo devagarinho.
Foram eles a rocha onde me amparei,
Anteparo à tormenta que viera sobre mim.
Foram eles na sua fragilidade infante
Poste e alicerce, paredes e coberturas
Segurança de um lar
Que o vento da insânia
Ameaçava desabar
Filhos pequeninos e frágeis...
Eu os carregava, eu os alimentava?
Não. Foram eles me carregaram.
Foram correntes,amarras, embasamentos
Foram fortes demais
Construiram a minha resistência
Filhos, fostes pão e água do meu deserto
Sombra na minha solidão
Refúgio do meu nada
Removi pedras, quebrei as arestas da vida
E plantei roseiras.
Fostes para mim semente e fruto
Na vossa inconstância infantil
Fostes unidade e agregação.
(1889 1985)
Fonte: Cora Coralina (Raizes de Aninha) pag 112 (Idéias & Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário