segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O laço e o abraço - Mário Quintana

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nenhum pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!
Que possamos, sempre cultivar laços.
Que todos os nós se transformem em eu, tu, nós.
beijos no coração.

sábado, 28 de agosto de 2010

http://www.nossosarau.blogspot.com

 Foto: Alberto Nasiasena                                                      Foto: Dalva Saudo

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Homenagem à Ciranda do Nosso Sarau da Biblioteca Pública Municipal Central

Ciranda do Nosso Sarau
Dalva Saudo


 Ciranda respeitosa, irreverente,
Não tem café, nem coquetel
Mas... que delícia estar presente!

Sem inscrição para declamar...
Sem datas alusivas para comemorar,
Sem ninguém programar...
Na hora certinha
Você sente sua vez de brilhar.

No prazer de recitar
Escolhe-se a poesia e o jeito de ficar:
De pé? Sentado?
Como quiser!
Só não vi ninguém deitado!

Poeta de renome?
Às vezes aparece algum.
Mas o importante mesmo,
É o nome de casa um
Da luminária Ciranda literária!


Pousaram por aqui ...melodiosos cantores!
Bem   vindos   aos   bem   te    vis!


Ciranda do Ator Declamador
Intérprete da alegria e da dor.


Ciranda do Nosso Sarau!
Ninguém vai atrás, nem tenta expulsar,
Se faltar... nem precisa justificar!
Nunca vi sarau tão harmonioso
Sem ser cerimonioso.

Sentimo-nos como pássaros em liberdade
No melhor sarau desta cidade!
É incrível, mas é possível viver em paz
Onde a regra única é amar o que se faz.


Gira, Gira Ciranda de platéia encantada
Encanta com seus versos e rimas!
Gira, gira... Porque nessa Ciranda,
Cada poeta artista é protagonista!


Protagonista principal,
Com foto até no convite mensal 
Para o Nosso Sarau, 
Da Biblioteca Central  municipal!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O valioso tempo dos imaturos

Um dos mais lindos poemas que recebi por e-mail de uma Amiga, que sente e pensa como as palavras poéticas do autor.
                                                                  Mário de Andrade
                                                               Foto do Blog: reeleituras.com


"O valioso tempo dos imaturos"
Mário de Andrade


Contei muitos anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.


Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.


Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica são imaturos.


Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.


As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...


Sem mais cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana: que sabe rir de seus tropeços, que não se considera eleita antes da hora, que não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade!
O essencial faz a vida valer à pena. E para mim, basta o essencial!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"A Pianista" JR Teixeira




Pianista que se apresentou no Centro de Poesia e Arte de Campinas. Veja-a no blog:
http//www.poeartcamp.blogspot.com  
                  

                     A PIANISTA 


Dedilhando suavemente ,entre as téclas alvinegras, 

De um piano confidente, 

Todos os sonhos que um dia, 

Guardados ficaram a esperar, 

Que entre os suaves tons, 

Da musica contagiante, 

Pudessem um dia mostrar, 

Que a espera inteligente, 

Deu ao tempo todo tempo, 

que o tempo precisou ter, 

Na hora certa do tempo, 

A melodia da vida , se fêz presente ao ver, 

Dedilhando alefremente, entre as téclas alvinegras, 

Entre os tons semitonados. 

deslizando suavemente, 

O teu amor, oteu querer, 

Aos corações apaixonados, 


Foi o teu jeito de artista, 

Que me fêz ver na PIANISTA, 

O teu AMOR e o teu querer.






Foto: Dalva Saudo
JR Teixeira, amigo querido dos amigos (as) poetas de Campinas
Veja suas encantadoras poesias na biblioteca virtual Komedi

Solidão / JR> Teixeira

        SOLIDÃO 

Companheira inseparável do poeta, 
Que verseja quase sempre as escondidas, 
Acreditando que viver é outra coisa, 
Tentando se esconder, 
Da propria vida, 

Mas quando é descoberto, 
Vai fugindo, 
Tentando enganar o coração, 
Indo ao encontro da companheira inseparável, 

Aquela que o torna admirável, 
Sua eterna companheira SOLIDÃO 

Obra de Arte do Artista Pulga Carvalho na Primeira Mostra Artística da Artesfeiracamp.

Foto: Dalva Saudo
Agmon Carlos Rosa, Diretor da Casa do Poeta de Campinas, prestigiando a Mostra Artística no Centro de Convivência do Cambui.

Soneto XIII de Guilherme de Almeida

Noite. Eu só, sempre só. Descabeladas,
fora, gemem as árvores; o vento
tem um soluço de arrependimento;
farfalham folhas murchas arrastadas...

Pesa em tudo um cansaço. Andam pasmadas
as nuvens, a vagar no firmamento;
ouço um seco estalar de vigamento
e o fretenir de um grilo nas calçadas.

Falo ao silêncio e à noite. E ao que está junto
de mim, a tudo que me vê, pergunto
por ti: que fazes? onde estás?__ Então,

do meu cigarro um rolo de fumaça
solta-se, e sobe, e baila, e se adelgaça,
formando um ponto de interrogação.

 Veja o vídeo da Casa Guilherme de Almeida e outros sonetos no endereço abaixo:

Do livro: Sonetos, página 33 Imprensa Oficial

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Soneto de Guilherme de Almeida / Suave colheita

Foto  /  Evento na Academia Campinense de Letras, no Aniversário do Centro de Poesia e Arte de Campinas e do Poeta Guilherme de Almeida


Suave Colheita
Guilherme de Almeida

Foto Dalva Saudo
Que te entristece, coração velhinho?                                    
Olha atrás o passado: que mais queres?
Quantos sonhos e quantos malmequeres
desfolhados ao longo do caminho!

Tantas rosas colheste! E hoje sozinho,
porque estranhas o espinho em que te feres?
Como as rosas são todas as mulheres:
quem colhe a rosa também colhe o espinho...

Feliz, que te iludiste! Os teus amores,
de que andaste, insaciável, aspirando
o perfume sutil de um só minuto,

foram apenas como certas flores
que a gente colhe, de manhã, pensando
que são belas demais para dar frutos!

O soneto "Suave colheita" está na página 77 do livro "SONETOS" Guilherme de Almeida / Academia Brasileira de Letras / Imprensa Oficial

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A dor da Ausência / Éden Franchi


Foto: Museu a céu aberto de Halima Elusta (Mestre em Artes Plásticas)
Ilustrando as Poesias de Éden Franchi, uma linda obra de Arte de Lélio Coluccini, que este ano completaria 100anos.



A dor da Ausência

Num campo chamado Santo
Árvores por todos os cantos,
Pássaros em seus ramos vem pousar
Com seu lindo cantar
O lamento amenizar.

No chão gramado
Bronze na pedra cravado um nome,
Pra dizer onde fica guardado
Um pouco de minha mãe.

As flores já estão arrumadas
De lágrimas molhadas.
Em sua santa morada,
Ajoelhada, com as mãos entrelaçadas,
Volto-me em oração.

Com você eu canto
O desencanto do amor quebrado
Aqui deixado.

De pé, olhos pro alto
Peço à Deus que a abençoe:
"Fique com Ele mamãe!"

                     II

Filha, como posso estar ausente
Se no seu coração
Você me faz presente?

Faço das suas flores o meu manto.
Do perfume o alimento.
Das lágrimas o meu rosário.

Com as mãos eu amparo
O coração em relicário.
Onde guardo o amor pelo tempo apartado.

Com você eu também canto
Em coração acalanto.
A sublimação do amor de mãe
Que só mudou de lado

Estou com Deus filha.

E abençoados todos somos.  
Foto: Dalva Saudo
Éden Franchi é Poeta, Artista Plástica e Diretora do CPAC

domingo, 1 de agosto de 2010

Os Nãos / Marlene Gomes

Foto: Dalva Saudo

Marlene Gomes é poeta e nos brinda com suas poesias na Biblioteca Pública Municipal Central . Frequenta o Centro de Poesia e Artes de Campinas na Academia Campinense de Letras.


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Os Nãos

Marlene Gomes

Eu não quero pensar
e penso
Eu não quero sonhar
e sonho
Eu não quero ter esperança 
e tenho
Eu não quero esperar
e espero
Eu não quero solicitar
e eu solicito
Eu não quero teimar 
e teimo
Eu não quero gostar
e eu gosto
Eu não quero amar 
e mesmo não querendo
eu amo
Ninguém pode dizer ao 
coração o que ele deve sentir.