sábado, 11 de setembro de 2010

Chuva e lágrimas no ônibus 212 > Dalva Saudo

Foto: Dalva Saudo

CHUVA E LÁGRIMAS

Cenário: Ônibus 212   Campinas SP
Dalva Saudo

Seus olhos naquela manhã
Estavam tão nublados quanto o céu
Marejados de lágrimas amargas como fel.

Com dificuldades enxergavam
O gotejar da chuva mansa
No explodir de densa nuvem
Numa mágoa contínua, incontida
Embaçando vidros do coletivo veículo.

A paisagem lá fora se escondera.
Chuva e lágrimas não paravam de cair.
Rolavam pela face, pelos vidros...

Ambas suavizavam limítrofes sofrimentos,
Atenuando, diluindo ressentimentos. 
  
Brotavam sufocadas
Cada qual extravasando sua dor
Na esperança do amanhã da terra e alma lavadas,
De pássaros em revoadas.

Esperança do renascer de novas vidas, sem mágoas
No explodir e romper de bolsas d'aguas 
Que admirariam novas paisagens
Em close...
Que nasceriam coloridas em novas viagens 
Do ônibus 212

Um comentário:

  1. Dalva, cada vez mais você nos surpreende, nos surpreende com tanta beleza, extraindo da tragédia o encanto da poesia.

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