quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Soneto XIII de Guilherme de Almeida

Noite. Eu só, sempre só. Descabeladas,
fora, gemem as árvores; o vento
tem um soluço de arrependimento;
farfalham folhas murchas arrastadas...

Pesa em tudo um cansaço. Andam pasmadas
as nuvens, a vagar no firmamento;
ouço um seco estalar de vigamento
e o fretenir de um grilo nas calçadas.

Falo ao silêncio e à noite. E ao que está junto
de mim, a tudo que me vê, pergunto
por ti: que fazes? onde estás?__ Então,

do meu cigarro um rolo de fumaça
solta-se, e sobe, e baila, e se adelgaça,
formando um ponto de interrogação.

 Veja o vídeo da Casa Guilherme de Almeida e outros sonetos no endereço abaixo:

Do livro: Sonetos, página 33 Imprensa Oficial

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